Uma
reflexão acerca do Tarot
Para os incrédulos, ele
é somente um baralho; para os pagãos, um poderoso oráculo. Suas origens se
perdem no tempo. Atlante, egípcia, francesa ou cigana? Qual a verdadeira
nacionalidade do Tarot?
Independente de suas
origens os arcanos que integram esse poderoso instrumento de autoconhecimento
nos tão o testemunho de absolutamente tudo o que nos rodeia. É possível fazer
uma associação das cartas com todas as ramificações da arte e do conhecimento. Nossa vida cotidiana, nossos medos, nossas
dificuldades, nossas virtudes... e até mesmo nossa personalidade em vidas
passadas estão contidas em cada um dos arcanos do Tarot.
Cada carta, um
universo. O Tarot possui é tão abrangente que engloba todos os outros oráculos
e ciências ocultas: numerologia, cabala, astrologia, mitologia, simbologia e
tantas outras formas de autoconhecimento estão expressas nas cartas. Cada
arcano é um ponto da nossa existência, um degrau em nossa evolução espiritual.
Cada figura um convite para penetrarmos em sua simbologia e compreender o mundo
que nos cerca.
Lembro-me com
satisfação de um trabalho que desenvolvi para a faculdade de Letras. E me
espantei ao ver como o Tarot está profundamente inserido na Literatura e como
pode ser usado como uma poderosa ferramenta na construção de histórias. Na
ocasião, associei quatro arcanos – O Louco, O Mago, O Eremita e O Mundo – com a trajetória do personagem
Robinson Crusóe, do livro homônimo do escritor inglês
Daniel Defoe.
Capa de uma velha edição de Robinson Crusoé, de Daniel Defoe. O livro é na verdade uma grande metáfora da jornada do homem na Terra.
No inicio de sua
jornada, esse personagem pega suas coisas e se lança em rumo ao desconhecido,
vagando por lugares em busca de aventura. Eis a representação do Louco. Mais
adiante, quando já é um náufrago, ele precisa se adaptar ao meio em que vive,
precisa dominar processos alquímicos, precisa literalmente, forjar materiais,
precisa moldar e transformar. Robinson assume nesse momento a personalidade do
Mago. Em seguida, ele na solidão, naquele lugar inóspito, começa a refletir
sobre sua existência, sobre sua vida e sobre a sua jornada aqui na Terra. Eis o
Eremita, aquele que está sozinho, que se isola e que possui em sua companhia,
apenas o conhecimento, geralmente representado pela lanterna que carrega.
Quando o livro termina,
vemos o personagem triunfar ao perceber que sua missão foi cumprida e que
muitos puderam desfrutar de um local que se desenvolveu graças ao seu empenho e
trabalho incessante. Esse sentimento é representado pelo arcano XXI do Tarot de
Marselha: O Mundo.
O Mundo simboliza o
espirito que se eleva sobre a matéria, representa o fim da jornada, que se
reinicia com O Louco.
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